quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

As variedades linguísticas

     Cada um de nós começa a aprender a língua em casa, em contato com a família e com as pessoas que nos cercam. Aos poucos vamos treinando nosso aparelho fonador (os lábios, a língua, os dentes, os maxilares, as cordas vocais) para produzir sons, que se transformam em palavras, em frases e em textos inteiros. E vamos nos apropriando do vocabulário e das leis combinatórias da língua, até nos tornarmos bons usuários dela, seja para falar ou ouvir, seja para escrever ou ler.
     Em contato com outras pessoas, na rua, na escola, no trabalho, observamos que nem todos falam como nós. Isso ocorre por diferentes razões: porque a pessoa vem de outra região; por ser mais velha ou mais jovem; por possuir menor ou maior grau de escolaridade; por pertencer a grupo ou classe social diferente. Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas.
 
     Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais. culturais, regionais e históricas em que é utilizada.

     Entre as variedades da língua, existe uma que tem maior prestígio: a variedade padrão. Também conhecida como língua padrão e norma culta, essa variedade é utilizada na maior parte dos livros, jornais e revistas, em alguns programas de televisão, nos livros científicos e didáticos, e é ensinada na escola. As demais variedades linguísticas - como a regional, a gíria, o jargão de grupos ou profissões (a linguagem dos policiais, dos jogadores de futebol, dos metaleiros, dos surfistas etc) - são chamadas genericamente de variedades não padrão.
         Apesar de haver muitos preconceitos sociais em relação a variedades não padrão, todas elas são válidas e têm valor nos grupos ou nas comunidades em que são usadas. Contudo, em situações sociais que exigem maior formalidade - por exemplo, uma entrevista para obter emprego, um requerimento, uma carta dirigida a um jornal ou uma revista, uma exposição pública, uma redação num concurso públicoo -, a variedade linguística exigida quase sempre é a padrão. Por isso é importante dominá-la bem.

Onde se fala melhor o português no Brasil?

           Você já deve ter ouvido esse tipo de pergunta. E também respostas como "no Maranhão", "no Rio de Janeiro", "no Rio Grande do Sul", justificadas por motivos históricos, sociais, culturais. Porém, de acordo com a visão moderna de língua, não existe um modelo linguístico que deva ser seguido, nem mesmo o português lusitano.
           Todas as variedades linguísticas regionais são perfeitamente adequadas à realidade onde surgiram. Em certos contextos, aliás, o uso de outra variedade, mesmo que seja a língua padrão, é que pode soar estranho e até não cumprir sua função essencial de comunicar.

FONTE: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens, volume 1: ensino médio - 5. ed. - São Paulo, Atual, 2005   
    

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