quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Texto narrativo: Crônica com discurso direto

Ao criar um longo diálogo, o cronista desenvolveu a história de dois grandes amigos que se reencontram, depois de alguns anos, e notam certas diferenças físicas um no outro. Leia a narrativa:

AMIGOS

     Os dois eram grandes amigos. Amigos de infância. Amigos de adolescência. Amigos de primeiras aventuras. Amigos de se verem todos os dias. Até mais ou menos os 25 anos. Aí, por uma destas coisas da vida - e como a vida tem coisas! - passaram muitos anos sem se ver. Até que um dia...
     Um dia se cruzaram na rua. Um ia numa direção, o outro na outra. Os dois se olharam, caminharam mais alguns passos e se viraram ao mesmo tempo, como se fosse coreografado. Tinham-se reconhecido.
     - Eu não acredito!
     - Não pode ser!
     Caíram um nos braços do outro. Foi um abraço demorado e emocionado. Deram-se tantos tapas nas costas quantos tinham sido os anos de separação.
     - Deixa eu te ver!
     - Estamos aí!
     - Mas, você está careca!
     - Pois é.
     - E aquele bom cabelo?
     - Se foi...
     - Aquela cabeleira.
     - Muito Gumex...
     - Fazia um sucesso.
     - Pois é.
     - Era cabeleira pra derrubar suburbana.
     - Muitas sucumbiram...
     - Puxa. Deixa eu ver atrás.
     Ele se virou para mostrar a careca atrás. O outro exclamou:
     - Completamente careca!
     - E você?
     - Espera aí. O cabelo está todo aqui. Um pouco grisalho, mas firme.
     - E essa barriga?
     - O que é que a gente vai fazer?
     - Boa vida...
     - Mais ou menos...
     - Uma senhora barriga.
     - Nem tanto.
     - Aposto que futebol, com essa barriga...
     - Nunca mais.
     - E você era bom, hein? Um bolão. [...]
     - Faz o quê? Vinte anos?
     - Vinte e cinco. No mínimo.
     - Você mudou um bocado.
     - Você também.
     - Você acha?
     - Careca... [...]
     - Cabelo outra vez! Mas isso já é obsessão. Eu, se fosse você, procurava um médico.
     - Vá você, que está precisando. Se bem que velhice não tem cura.
     - Quem é que é velho?
     - Ora, faça-me o favor...
     - Velho é você.
     - Você. [...]
     - Múmia!
     - Ah, é? Ah, é?
     - Cacareco! Ou será cacareca?
     - Saia da minha frente!
     Separaram-se, furiosos. Inimigos para o resto da vida.

Luis Fernando Veríssimo. Comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996. (Fragmento)

No texto, um dos personagens havia ficado completamente calvo, e o outro adquiriu uma barriga avantajada. Irritados com as respectivas críticas, eles começam a discutir calorosamente, até chegar a um desentendimento total. Tornam-se eternos inimigos.
Uma das formas que a crônica pode assumir é a de uma narrativa, caracterizada pelo relato de fatos ou acontecimentos. Em sua estrutura, a narrativa pode apresentar os seguintes elementos: personagens, tempo, espaço, ação; nela, há sempre uma situação inicial e um conflito, em torno dos quais os fatos ocorrem, chegando a um clímax e um desfecho
Observe que, na narrativa lida, os fatos se desenrolam, sobretudo por meio dos diálogos, que dão movimento e rapidez à sequência de ideias. O discurso direto dá dinamismo à crônica, realçando o seu caráter episódico mais intensamente. O narrador em 3ª pessoa, de fora da cena, aparece no princípio da crônica e ressurge, rapidamente, em poucas incursões no decorrer dos fatos. A linguagem é objetiva e clara.

FONTE: SARMENTO, Leila Lauar. Português: leitura, produção, gramática. 2. ed. São Paulo. Moderna. 2006

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Como escrever bem um e-mail

Outra dica interessante retirada da Revista Língua Portuguesa, edição nº 64 de Fevereiro de 2011. Com a disseminação do "internetês", muitas pessoas acreditam que pode-se escrever de qualquer jeito pela internet que está tudo bem, usando abreviações e substituições que nem todo mundo entende. No Msn, Facebook, Orkut entre outros isso até pode valer, mas no mundo corporativo deve-se seguir algumas regrinhas básicas para não cometer erros graves, ainda mais quando o e-mail é para seu chefe. O texto abaixo é de Edgard Murano:

"As regras de ouro do e-mail
Anterior à internet, o correio eletrônico continua sendo uma das formas de comunicação mais eficazes.

Mais antigo do que a própria internet, o e-mail é uma das ferramentas mais importantes da comunicação virtual, e seu surgimento foi importante para que a rede mundial de computadores fosse aperfeiçoada e desenvolvida. A primeira troca de mensagens eletrônicas foi em 1965 e possibilitava a comunicação entre várias pessoas ao mesmo tempo.
A velocidade dessas mensagens pode ser um prato cheio para desatenções por parte de redatores, resultando em erros muitas vezes constrangedores. Para que isso não ocorra, o texto de um e-mail deve ser simples, exigindo cuidados com sua releitura e acertos no tom da mensagem.
No trabalho, onde a comunicação pode custar dinheiro ou mesmo o sucesso profissional, um e-mail deve ser redigido com toda a atenção para não dar margem a mal-entendidos. Deve priorizar três pontos: simplicidade, clareza e objetividade.
  • O vocabulário deve pertencer à linguagem usual, sem expressões rebuscadas que possam complicar a mensagem;
  • Simplicidade não pode ser sinônimo de descuido. É preciso estar atento à repetição de termos sem necessidade, abreviações obscuras ou construções truncadas;
  • Para um texto conciso e claro, basta relê-lo e cortar termos desnecessários, evitando dizer em muitas palavras o que se poderia dizer em poucas;
  • Ter em mente o receptor de sua mensagem e tentar adequar o tom, com o cuidado de reler no final o texto;
  • Cuidado com palavras mal colocadas e destinatários errados. Uma simples mensagem destinada à pessoa errada por engano pode causar graves estragos."

Ditos populares: origem e explicações

Outra pérola que encontrei na Revista Língua Portuguesa de Setembro de 2010, no nº 59 (p.22). Nesta matéria, entitulada "Mitos virtuais", fala-se do cuidado que as pessoas devem ter ao confiar em tudo que é encontrado na internet, pois muitos sites propagam mitos sobre palavras e até corrigem ditos populares consagrados. Vejamos alguns deles publicados na revista (autor: José Augusto Carvalho):

"Quem tem boca vaia Roma x Quem tem boca vai a Roma
O correto é "vai" (verbo ir), sem "vaiar". A frase vem das peregrinações a Roma, daí palavras como "romaria" e "romeiro", associadas à peregrinação.

Ter bicho no corpo inteiro x Ter bicho carpinteiro
A correta é a segunda frase, referência, pelo linguista José Leite de Vasconcelos (1858-1941), ao oxiúro, parasita que causa pruridos anais e movimentos sacudidos. 

Batatinha quando nasce... Espalha a rama pelo chão x Se esparrama pelo chão
Corrigiram o verso, a internet propagou a nova versão, mas o correto mesmo é "se esparrama pelo chão".

Quem não tem cão caça como gato x Quem não tem cão caça com gato
Caçar como gato, isto é, "sozinho". Mas o correto mesmo é "quem não tem cão caça com gato". 

Corro de burro quando foge x Cor de burro quando foge 
A primeira forma já foi sugerida por Castro Lopes (1827-1901) para "corrigir" a forma adequada, em que "burro" designa a cor vermelha que um fujão apresenta, e não o animal; de "burro" (cor), temos "borro", carneiro entre 1 a 2 anos; "borracho", pombo sem penas, pela cor avermelhada; e provavelmente "borrega" (ovelha de 1 ano).

Esculpido e encarnado x Cuspido e escarrado
Lição de Duarte Nunes de Lião, século 16: "cuspido e escarrado" veio do francês, em que cracher (escarrar) também é "identidade", daí crachat (escarro), que originou "crachá". Em inglês, spit (cuspo) é usado como identificação."

Sobre livros e bebês

Mexendo em algumas revistas que estavam no armário, comecei a folhear as edições da Revista Língua Portuguesa que tenho guardadas. Encontrei uma matéria publicada em Setembro de 2010, nº 59, em que aborda o quanto é importante que a família transmita o hábito da leitura para as crianças desde que são bebês, o que faz melhorar seu futuro desempenho escolar.

"LER PARA CRIANÇAS COM MENOS DE UM ANO MELHORA DESEMPENHO ESCOLAR FUTURO.

Quem pensa que ler para bebês é perda de tempo pode estar redondamente enganado. Estudos provam que essa prática, feita com regularidade desde a tenra infância, pode melhorar o desempenho escolar das crianças. De acordo com David Dickinson, especialista em alfabetização pela Universidade de Harvard, não se trata exatamente de ler narrativas como as de fadas para bebês com menos de um ano, mas dar-lhes livros com imagens para que folheiem.
Dickinson apresentou na última edição da Bienal do Livro de São Paulo estudos que relacionam a leitura precoce ao desenvolvimento da linguagem.
Constatou-se que crianças com menos de 3 anos, cuja família possui hábito de leitura, demonstram aos 10 anos um desempenho escolar melhor. 
(Fonte: O Estado de S.Paulo)"

sábado, 24 de dezembro de 2011

Verbos regulares e irregulares

          Quando conjugados, os verbos podem ou não apresentar variações de forma nos radicais e nas desinências. Assim, de acordo com suas flexões, são classificados em verbos regulares ou verbos irregulares. Observe alguns verbos da 2ª conjugação:

radical  terminação             radical   terminação              radical    terminação
corr      er                          viv        er                           com       er
corr       o                           viv        o                            com       o
corr       es                          viv       es                           com       es
corr       e                            viv       e                            com       e
corr       emos                      viv       emos                      com       emos
corr       eis                          viv       eis                          com       eis
corr       em                          viv       em                         com       em

     Os verbos que não apresentam alteração no radical e têm as desinências idênticas às dos verbos que seguem o modelo de sua conjugação são chamados verbos regulares. Portanto, os verbos correr, viver e comer são considerados regulares.
     Veja outros exemplos de verbos regulares:

1ª conjugação: beijar, calar, copiar, estudar, ficar, jogar, lavar, pular, tocar, etc.
2ª conjugação: aprender, bater, entender, esconder, escrever, prometer, vencer, etc.
3ª conjugação: concluir, diminuir, evoluir, exibir, incluir, possuir, etc.

     Agora, compare os seguintes verbos da 2ª conjugação:

radical   terminação           radical    terminação            radical     terminação
diz         er                        perd       er                        faz           er
dig         o                         perc        o                         faç           o
diz         es                        perd        es                       faz           es
diz         -                          perd        e                        faz            -
diz         emos                    perd        emos                  faz           emos
diz         eis                        perd        eis                      faz           eis
diz         em                        perd        em                     faz            em

     Os verbos que apresentam alterações no radical e/ou nas desinências são denominados verbos irregulares. Portanto, os verbos dizer, perder e fazer são considerados irregulares. 
     Veja outros exemplos de verbos irregulares.

1ª conjugação: dar, estar, odiar, passear, presentear, recear, semear, incendiar, etc.
2ª conjugação: caber, crer, dizer, fazer, poder, querer, ser, saber, ter, trazer, ver, etc.
3ª conjugação: cobrir, dormir, fugir, ir, medir, mentir, ouvir, pedir, sentir, vir, divertir, etc.

Fonte: SOUZA, Cássia Garcia de; CAVÉQUIA, Márcia Paganini. Linguagem criação e interação: 7º ano. 6. ed. São Paulo. Saraiva, 2009
    

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

As variedades linguísticas

     Cada um de nós começa a aprender a língua em casa, em contato com a família e com as pessoas que nos cercam. Aos poucos vamos treinando nosso aparelho fonador (os lábios, a língua, os dentes, os maxilares, as cordas vocais) para produzir sons, que se transformam em palavras, em frases e em textos inteiros. E vamos nos apropriando do vocabulário e das leis combinatórias da língua, até nos tornarmos bons usuários dela, seja para falar ou ouvir, seja para escrever ou ler.
     Em contato com outras pessoas, na rua, na escola, no trabalho, observamos que nem todos falam como nós. Isso ocorre por diferentes razões: porque a pessoa vem de outra região; por ser mais velha ou mais jovem; por possuir menor ou maior grau de escolaridade; por pertencer a grupo ou classe social diferente. Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas.
 
     Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais. culturais, regionais e históricas em que é utilizada.

     Entre as variedades da língua, existe uma que tem maior prestígio: a variedade padrão. Também conhecida como língua padrão e norma culta, essa variedade é utilizada na maior parte dos livros, jornais e revistas, em alguns programas de televisão, nos livros científicos e didáticos, e é ensinada na escola. As demais variedades linguísticas - como a regional, a gíria, o jargão de grupos ou profissões (a linguagem dos policiais, dos jogadores de futebol, dos metaleiros, dos surfistas etc) - são chamadas genericamente de variedades não padrão.
         Apesar de haver muitos preconceitos sociais em relação a variedades não padrão, todas elas são válidas e têm valor nos grupos ou nas comunidades em que são usadas. Contudo, em situações sociais que exigem maior formalidade - por exemplo, uma entrevista para obter emprego, um requerimento, uma carta dirigida a um jornal ou uma revista, uma exposição pública, uma redação num concurso públicoo -, a variedade linguística exigida quase sempre é a padrão. Por isso é importante dominá-la bem.

Onde se fala melhor o português no Brasil?

           Você já deve ter ouvido esse tipo de pergunta. E também respostas como "no Maranhão", "no Rio de Janeiro", "no Rio Grande do Sul", justificadas por motivos históricos, sociais, culturais. Porém, de acordo com a visão moderna de língua, não existe um modelo linguístico que deva ser seguido, nem mesmo o português lusitano.
           Todas as variedades linguísticas regionais são perfeitamente adequadas à realidade onde surgiram. Em certos contextos, aliás, o uso de outra variedade, mesmo que seja a língua padrão, é que pode soar estranho e até não cumprir sua função essencial de comunicar.

FONTE: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens, volume 1: ensino médio - 5. ed. - São Paulo, Atual, 2005   
    

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Uso do por que, por quê, porque e porquê

  • Usa-se por que:
a) nas interrogativas diretas e indiretas:
    Por que você demorou tanto?
    Quero saber por que meu dinheiro está valendo menos.

b) sempre que estiverem expressas ou subentendidas as palavras motivo, razão:
     Não sei por que ele se ofendeu.
     Eis por que não lhe escrevi antes.

c) quando a expressão puder ser substituída por para que ou pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais:
     A estrada por que passei está esburacada.

d) em títulos:
    Por que o governo substituiu o ministro da economia

  •  Usa-se por quê:
       quando a expressão aparecer em final de frase ou sozinho:
       Ria, ria, sem saber por quê.
       Brigou de novo? Por quê?
  • Usa-se porque:
       quando a expressão equivaler a pois, uma vez que, para que:
       Não responda, porque ele está com a razão.

  • Usa-se porquê:
       quando a expressão for substantivada, situação em que é sinônimo de motivo, razão:
       O diretor negou-se a explicar o porquê de sua decisão.


Fonte: CEREJA, W.R.; MAGALHÃES, T.C. Português - Linguagens: volume 1: ensino médio.. Atual Editora. 5ª edição. São Paulo. 2005   

sábado, 12 de novembro de 2011

Uso da crase

             Este texto retirei do site do UOL Educação, o qual foi escrito por Dílson Catarino (professor de gramática da língua portuguesa, literatura e redação, desde 1980. Graduado em letras e pedagogia, ele tem pós-graduação em psicopedagogia).
             Crase é um assunto que acaba caindo em todo tipo de prova (Vestibular, Etec, concursos públicos entre outros) e causa muitas dúvidas em qualquer ser humano falante da língua portuguesa.
Espero que seja uma ajuda em seus estudos!!!!

Até as 22h ou até às 22h?

"O resultado das eleições será conhecido até as 22h".

A maioria dos estudantes, ao escrever uma frase parecida com a apresentada no título, ficaria em dúvida quando a colocar ou não o acento grave indicador de crase em "as 22h". Acredito que colocariam o acento. E você, caro internauta, colocaria o acento grave ou não?

Vamos à explicação: o vocábulo crase provém do grego krâsis, cujo significado é ação de misturar, mistura de elementos que se combinam num todo. Para nós, lusófonos, é a contração da preposição a com os artigos definidos a, as ou com os pronomes demonstrativos a, as, aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo:
  • a + a = à
  • a + as = às
  • a + aquele = àquele
  • a + aqueles = àqueles
  • a + aquela = àquela
  • a + aquelas = àquelas
  • a + aquilo = àquilo
Vejamos alguns exemplos:

1. "Nunca obedeci àquele homem, pois não o respeito" (quem obedece, obedece a alguém);
2. "Assisti à peça teatral escrita por Mário Bortoloto" (quem assiste, no sentido de ver, assiste a algo);
3. "Não aspiro àquela vaga, mas à que foi ocupada por Oriolando" (quem aspira, no sentido de desejar muito, aspira a algo);
4. "Cheguei ao cinema às 19h50" (chegar, ao indicar hora exata, exige a preposição a).

Ocorre, porém, que, em muitas situações, outra preposição é usada, e não o a. Quando isso ocorrer, não haverá o acento indicador de crase, em virtude da falta da preposição a. Vejamos alguns exemplos:

1. "Cheguei após as 7h": não há o acento indicador de crase, pois, no lugar da preposição a, usou-se a preposição após;
2. "Estou aqui desde as 7h": não há o acento indicador de crase, pois, no lugar da preposição a, usou-se a preposição desde.

Há, porém, uma preposição que admite a preposição a ao seu lado: é a preposição até. Vejamos alguns exemplos:

1. "Ontem, fomos até o parque caminhar" (ou até ao parque);
2. "Dormi até o meio-dia" (ou até ao meio-dia).

Tal combinação não é obrigatória; é, aliás, desnecessária. A combinação de até com a acontece com o objetivo de evitar ambigüidade, ou seja, evitar duplo sentido na frase, pois o vocábulo até, além de ser preposição, também pode ser advérbio com o sentido de inclusive. Às vezes, não há como saber qual dos dois foi usado.

Veja o seguinte exemplo:
"A enchente inundou o bairro todo, até a igreja"
Não dá para saber o sentido exato da frase. Há duas situações:
- A enchente inundou o bairro todo, mas não a igreja: chegou até ela e parou;
- A enchente inundou o bairro todo, inclusive a igreja.

Se a primeira opção for a verdadeira, até é preposição; se for a segunda, advérbio. Caso a verdadeira seja a primeira opção, recomenda-se o uso da preposição a em combinação com até, evitando, assim, o duplo sentido: "A enchente inundou o bairro todo, até à igreja".

Caso a verdadeira seja a segunda opção, recomenda-se o uso de inclusive: "A enchente inundou o bairro todo, inclusive a igreja".

A frase apresentada no início do texto não apresenta ambigüidade. Pode-se, portanto, usar o acento indicador de crase, mas não há necessidade dele.

Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/pegadinhas/ate-as-22h-ou-ate-as-22h.jhtm>, acesso em: 12 nov. 2011

Algumas dicas para interpretar textos

            Encontrei este texto e dicas em outro blog, mas como achei muito interessante e útil, reproduzirei aqui para meus leitores. Os interessados em ver mais coisas podem consultar o site que colocarei ao final do texto, como referência bibliográfica. Boa leitura e aproveitem as dicas!!!!


"A literatura é a arte de recriar através da língua escrita. Sendo assim, temos vários tipos de gêneros textuais, formas de escrita; mas a grande dificuldade encontrada pelas pessoas é a interpretação de textos. Muitos dizem que não sabem interpretar, ou que é muito difícil. Concordo. Se você tem pouca leitura, consequentemente terá pouca argumentação, pouca visão, pouco ponto de vista e um grande medo de interpretar. A interpretação é o alargamento dos horizontes. E esse alargamento acontece justamente quando há leitura. Somos fragmentos de nossos escritos, de nossos pensamentos, de nossas histórias, muitas vezes contadas por outros. Quantas vezes você não leu algo e pensou:"Nossa, ele disse tudo que eu penso." Com certeza, várias vezes. Temos aí a identificação de nossos pensamentos com os pensamentos dos autores, mas para que aconteça, pelo menos não tenha preguiça de pensar, refletir, formar ideias e escrever quando puder e quiser.
A prática das escolas em relação à escrita e interpretação têm mudado, mas a passos lentos, aliás como tudo que acontece na educação. Ainda temos professores em sala de aula que cortam a veia literária de seus alunos com comentários medíocres, que permitem apenas uma interpretação possível, a que vem no livro do professor com a tarja "uso do professor/venda proibida".
Tornar-se, portanto, alguém que escreve e que lê em nosso país é uma tarefa àrdua, mas acredite, valerá a pena para sua vida futura. E, mesmo, que você diga que interpretar é difícil, você exercita isso a todo momento. Exercita através de sua leitura de mundo. Você sabe, por exemplo, quando alguém lhe manda um olhar de desaprovação mesmo sem ter dito nada. Sabe, quando a menina ou o menino está a fim de você numa boate pela troca de olhares. A todo e qualquer tempo, em nossas vidas, interpretamos, argumentamos, expomos nossos pontos de vista. Mas, basta o(a) professor(a) dizer "Vamos agora interpretar esse texto" para que as pessoas se calem. E ninguém sabe o que calado quer... pois ao se calar você perde oportunidades valiosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o medo de expor suas idéias. Faça isso como um exercício diário mesmo e verá que antes que pense, o medo terá ido embora.

Vou colocar aqui algumas dicas para quando você interpretar um texto:

  1. O autor escreveu com uma intenção - tentar descobrir qual é ela é a chave.
  2. Leia todo o texto uma primeira vez de forma despreocupada - assim você verá apenas os aspectos superficiais primeiro
  3. Na segunda leitura observe os detalhes, visualize em sua mente o cenário, os personagens - Quanto mais real for a leitura na sua mente, mais fácil será para interpretar o texto.
  4. Duvide do(a) autor(a) - Leia as entrelinhas, perceba o que o(a) autor(a) te diz sem escrever no texto.
  5. Não tenha medo de opinar - Já vi em sala de aula muitos alunos terem medo de dizer o que achavam e a resposta estaria correta se tivessem dito.
  6. Visualize vários caminhos, várias opções e interpretações - Só não viaje muito na interpretação.Veja os caminhos apontados pela escrita do(a) autor(a). Apegue-se aos caminhos que lhe são mostrados.
  7. Identifique as características físicas e psicológicas dos personagens - Se um determinado personagem tem como característica ser mentiroso, por exemplo, o que ele diz no texto poderá ser mentira não é mesmo? Analisar e identificar os personagens são pontos necessário para uma boa interpretação de texto.
  8. Observe a linguagem, o tempo e espaço - A sequência dos acontecimentos, o feedback, conta muito na hora de interpretar.
  9. Analise os acontecimentos de acordo com a época do texto - É importante que você saiba ou pesquise sobre a época narrada no texto, assim, certas contradições ou estranhamentos vistos por você podem ser apenas a cultura da época sendo demonstrada.
  10. Leia quantas vezes achar que deve - Não entendeu? Leia de novo. Nem todo dia estamos concentrados e a rapidez na leitura vem com o hábito.
Bem, não digo que seguindo essas dicas você agora interpretará todo texto que ler, mas já é um caminho. E, lembre-se:o hábito da leitura auxilia automaticamente a sua maneira de interpretar."
 
(Disponível em <http://www.analisedetextos.com.br/2010/01/10-dicas-para-interpretar-textos.html>. Acesso em: 12 nov. 2011)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Interpretação de texto: tirinha

        Segmento ou fragmento de HQs, geralmente com três ou quatro quadrinhos, apresenta um texto sincrético que alia o verbal e o visual no mesmo enunciado e sob a mesma enunciação. Circula em jornais ou revistas, numa só faixa horizontal de mais ou menos 14 cm x 4 cm, em geral, na seção “Quadrinhos” do caderno de diversões, amenidades ou também conhecido como recreativo, onde se podem encontrar Cruzadas, Horóscopo, HQs, etc.
(Fonte: COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.)    
       Já o dicionário Houaiss (versão eletrônica) apresenta a seguinte definição para “tira”:    

Segmento ou fragmento de história em quadrinhos, ger. com três ou quatro quadros, e apresentado em jornais ou revistas numa só faixa horizontal.  
 
       As tirinhas também são muito comuns na última página dos gibis. Entretanto, nesse espaço, aparecem na vertical. São principalmente reconhecidas por seu caráter humorístico e pelo número reduzido de quadrinhos. 
        A atividade seguinte foi retirada do Vestibulinho ETEC do 2º sem/11. Este fato nos mostra o quanto é importante saber interpretar textos visuais, tanto quanto os verbais.

 

Leitura de charges

O mundo à nossa volta está repleto de imagens que nos trazem diversos significados, despertando emoções e opiniões variadas. Temas e fatos polêmicos acontecem à toda hora e ser uma pessoa bem informada é requisito fundamental para não ser excluído pela sociedade. Unir imagens às notícias, criando um tom satírico ou mesmo cômico tornou-se algo muito comum, e saber compreender as mensagens implícitas neste gênero tão interessante, que é a charge,  passou a ser regra em vestibulares e concursos, sendo cobrada muitas vezes a sua análise.
Por este motivo trago para meus leitores, como primeiro texto do blog, uma atividade de análise de charge retirada de uma prova de Etec, do 2º semestre de 2011, para treinarmos um pouco a leitura deste gênero textual tão complexo e interessante.